Séries

Crítica | Orange is the new Black – 3ª temporada

Apesar de não ter o mesmo fôlego da primeira temporada, Orange is the New Black continua firme e forte no catálogo de séries originais do Netflix. Na segunda temporada, a série já demonstrava se arrastar por alguns episódios, na terceira, mantém mais do mesmo apoiado única e exclusivamente no carisma de suas personagens.

Com um elenco entrosado e cheio de atrizes talentosas, Orange aprendeu a trazer frescor à prisão a partir de flashbacks da vida de cada personagem a cada episódio (formato utilizado em Lost). Nesta terceira fase, aprendemos mais sobre algumas coadjuvantes excêntricas como a chinesa Chang (Lori Tan Chinn) ou a irritante fanática Leanne (Emma Myles).

Se antes Crazy Eyes (Uzo Aduba) era uma personagem descontrolada, com impulsos violentos e ações errantes, na última temporada passa a ser mais humana, torna-se apenas Suzanne. Ao manter conduta mais low profile, Crazy Eyes acaba virando a sensação de Litchfield ao investir na veia de escritora de contos eróticos non sense.

Mesmo a antiga vilã, Doggett (Taryn Manning), encontra sua redenção ao passar a conduzir o furgão da prisão e ao encontrar em sua jornada um novo agente penitenciário que acaba trazendo a tona antigos traumas.

Importante notar como a personagem principal, Piper (Taylor Schilling), cada vez mais é abafada pelo forte elenco de “coadjuvantes”, que nesta temporada são alçadas a posição de veículos condutores da série. Se Piper passou a segunda temporada inteira apagada, desta vez os roteiristas garantiram traços mais fortes para a loira se destacar, seja em seu empreendimento com calcinhas furtadas ou na fase final quando vira uma “big boss” da cadeia. Jason Biggs então foi completamente descartado…

Curiosos sumiços de personagens também chamam a atenção, vide o desparecimento, no meio da temporada, da sempre competente Nicky (Natasha Lyonne) ou do bom moço Bennet (Matt McGorry). Talvez o inchaço de tramas paralelas acabou levando os realizadores da série a enxugarem alguns atores da trama.

Em relação as novas adições ao grupo de Litchfield, faltou uma personagem tão forte quanto a inesquecível Vee (Lorraine Toussaint) da segunda temporada. Se antes a “vilã” dava a tônica e roubava as cenas, entra em ação a detenta Stella (Ruby Rose) para bagunçar a relação morna de Piper e Alex. Nada original.

Quanto ao elenco fixo, a maioria das garotas ainda conseguem manter o interesse por suas personagens, talvez pelo carisma e pela fantástica construção de ricos perfis femininos. Destaque sempre para Red (Kate Mulgrew) com seus trejeitos e sua atuação acima da média.

Outro fator interessante da terceira temporada é o enfoque na religião dentro do sistema penitenciário. Se há espaço para uma seita adoradora de torradas (!) catapultada pela expressiva Norma (Annie Golden), há também destaque para a alta adesão ao judaísmo das detentas apenas para papar a comida kasher no refeitório. Até a comunidade amish está representada no enredo.

Em linhas gerais, Orange is the New Black continua trazendo elementos novos e interessantes para personagens já muito queridas do público, porém demonstra desgaste com a fórmula prisional. A sensação é de que falta uma boa história para conduzir o elenco multifacetado. A quarta temporada vem aí em 2016 para provar porque Orange merece ser renovada, Aguardemos…

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