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Jennifer Lawrence: Amor e ódio do público caminham juntos na rota da atriz

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1 Oscar, 3 Globos de Ouro, 1 BAFTA, 2 Critics Choice Awards, 1 Independent Spirit Awards. Tudo isso aos meros 25 aninhos – uma marca que talvez seja igualada e ultrapassada apenas por Jodie Foster, que ganhou suas duas estatuetas da Academia (e mais uma pletora de prêmios, é claro) antes de completar os 30.

Ao contrário de Jodie, no entanto, que manteve a vida pessoal bem protegida desde um incidente nos anos 80 em que um fã obsessivo declarou sua intenção de assassiná-la, a imagem e a celebridade de Jennifer Lawrence estão por todo o lado. E quais são as consequências de ser uma estrela meteórica como ela na Hollywood do século XXI?

O principal efeito colateral é fácil: a persona que ela apresenta para a mídia começa a cansar. A princípio, quando Lawrence levou o Oscar de Melhor Atriz por O Lado Bom da Vida e tropeçou nas escadas para o palco antes de receber a estatueta, o estilo desbocado da estrela, marca registrada de uma profissional que não se leva a sério demais, parecia uma mudança refrescante na ditadura da perfeição e da delicadeza que parecia reinar entre as vedetes hollywoodianas. No ano seguinte, quando Lawrence protagonizou outra queda no tapete vermelho, o ato repercutiu negativamente, com muita gente o dispensando como “ensaiado demais” e se fatigando da constante necessidade de se afirmar “uma garota como qualquer outra” da atriz.

O curioso é que os mesmos tipos de críticas se abatem constantemente contra Anne Hathaway, outra jovem estrela de Hollywood que levou um Oscar cedo na carreira (aos 31), mas as reclamações sobre ela são diametralmente opostas. Enquanto muitos se irritam com o jeito debochado de J.Law, com sua descontração nos tapetes vermelhos e entrevistas, as pessoas costumam se irritar com Anne por ela ser “perfeitinha demais”. O comportamento que, para muitos, soa ensaiado em Jennifer Lawrence é exatamente o que se pede de Hathaway – que ela se solte mais, seja mais espontânea, se leve menos a sério o tempo todo.

A verdade é que, quando se é uma mulher em Hollywood, é impossível vencer o jogo dos tabloides e da fama. É curioso observar como o sempre desbocado Chris Hemswroth, ou o ainda mais “informal” Woody Harrelson, não passam pelos mesmos problemas que Lawrence (assim como jovens astros “exemplares” como Josh Hutcherson e Freddie Highmore não sofrem o ataque que Hathaway sofre). Nós podemos amar ou odiar os homens de Hollywood, mas nosso ódio ou amor por eles nunca é massificado, nunca se reproduz, nunca os define – especialmente se eles se encaixam em um determinado padrão de beleza que estabelecemos previamente.

Por que nossa opinião sobre o comportamento de Jennifer Lawrence precisa defini-la como atriz, então? Não importa o quão cansados estivermos de sua imagem, de sua celebridade, de seu estilo de ser (ou de fingir ser), precisamos nos lembrar que o verdadeiro motivo pelo qual compramos e nos investimos na carreira dessa americana é só um: ela é uma excelente atriz. O desempenho premiado com o Oscar em O Lado Bom de Vida talvez não tenha vindo em momento oportuno, mas sua atuação é espetacular – na pele de uma personagem que provavelmente deveria ser mais velha do que ela é, Lawrence canaliza raiva, ressentimento e melancolia em uma só performance, agindo como a âncora do filme muito mais do que a atuação cheia de maneirismos (e pouca coisa além disso) do companheiro de cena Bradley Cooper.

O mesmo vale para sua performance-furacão no brilhante (e subestimado) Trapaça, talvez o melhor filme do diretor David O. Russell. Roubando cenas a torto e a direito, ela encara uma personagem tempestuosa que pode muito bem ser sua marca mais indelével no cinema nesse curto tempo de carreira (sim, contando Katniss Everdeen). No final das contas, Jennifer Lawrence não está ocupando um espaço que não lhe pertence – das estrelas de Hollywood, inclusive, ela é uma das poucas que nunca disseram algo controverso ou claramente mal informado sobre algum assunto que não lhe compete. Nosso desgosto por ela, por seu sucesso desproporcional, e principalmente por seu comportamento supostamente “forçado”, diz muito mais sobre nós mesmos do que jamais vai dizer sobre ela.

Com a estreia de seu novo filme, Joy: O Nome do Sucesso, nesta quinta (21) nos cinemas brasileiros, talvez devêssemos pensar um pouco nisso antes de entrarmos na sessão.

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