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Mãe! | No Brasil, Darren Aronofsky admite: "Não é filme de terror, mas ferra sua mente"

Aconteceu nessa terça-feira (19), no Cinemark do Shopping Eldorado, na cidade de São Paulo, a coletiva de imprensa de Mãe! com a presença do diretor e roteirista do filme, Darren Aronofsky, que anteriormente comandou aclamados filmes como Cisne Negro, O Lutador, Réquiem para um Sonho e Fonte da Vida.

Sendo um dos filmes de sua carreira que mais gerou polarização por parte do público e da crítica, o filme vem sendo amado e odiado desde sua exibição no Festival de Veneza de 2017, que aconteceu do dia 30 de agosto até o dia 9 de setembro e premiou o longa The Shape of Water, dirigido por Guillermo del Toro, com o Leão de Ouro, prêmio máximo do festival.

Em Mãe!, um casal interpretado por Jennifer Lawrence e Javier Bardem vive em uma casa afastada e tem sua vida virada de cabeça para baixo com incessantes e inesperadas visitas que colocam em risco não apenas seu relacionamento, como também a sua sanidade.

Durante a coletiva, Aronofsky falou de inúmeros temas que dizem respeito não só a Mãe!, como também de alguns aspectos de toda sua filmografia, suas inspirações, visões e até sua relação com os estúdios e seu processo criativo em parceria com sua equipe.

Confira a crítica de Mãe!

Em relação ao seu elo com o cinema, Aronofsky afirmou que o empolgante em uma obra é quando ela é pessoal. “Eu sempre me coloco em todos os filmes que faço. Eu era a bailarina em Cisne Negro, eu era o lutador em O Lutador, eu era o conquistador em Fonte da Vida, eu era o mago da matemática em Pi, mas nunca era eu. É sempre uma parte sua, que você pega algo verdadeiro de si, estica e puxa até que se torne, você sabe, até que se torne uma personagem para contar a história. Então, para mim, eu acho que estou mais conectado com a história de Jennifer, foi lá que coloquei minha emoção, mas existem elementos que coloquei na personagem de Javier Bardem, também”, disse o diretor.

Aronofsky também disse durante a coletiva que a primeira versão do roteiro levou apenas cinco dias para ficar pronta e que se inspirou em cantores e compositores que são capazes de pegar uma simples emoção e criar toda uma obra em torno daquilo.

Sobre o papel de Michelle Pfeiffer no filme, que se afastou do ofício de atriz por um breve período antes de Mãe!, o diretor afirmou que ela representa algo semelhante ao que Eva simboliza na Bíblia e que sua figura se transmuta de alguma maneira em um gato e transforma a personagem de Jennifer Lawrence em um rato ao longo da trama.

Quando questionado sobre o conteúdo esperançoso de seus filmes, onde as personagens podem alcançar uma espécie de redenção em meio a trágicos acontecimentos, e sua relação com a própria humanidade, Aronofsky se mostra esperançoso no que diz respeito a humanidade, dizendo: “Acho que o sentimento por trás dessa obra (Mãe!) é a esperança, eu creio que ao mostrar a tragédia você pode efetivamente revelar a luz.”

Mãe! | Abertura do filme é a pior da carreira de Jennifer Lawrence

Também foi abordada a conexão de Darren Aronofsky com os estúdios, por ter feito alguns filmes de menor orçamento, mas por outro lado tendo gravado Noé, filme de uma escala maior com Russell Crowe, Emma Watson e Jennifer Connelly que é considerado o filme mais fraco de sua carreira. Aronofsky disse que Mãe! acabou sendo um filme barato para um estúdio e também afirmou acreditar que a maneira de se trabalhar com um estúdio é ter o orçamento certo para o elenco certo.

Sobre o jeito como o filme foi vendido, Aronofsky ressaltou as dificuldades de distribuir uma obra desse tipo e afirmou que o trailer deveria dizer: “Esse é um filme bem difícil de ser vendido porque não é verdadeiramente um filme de gênero, digo, o trailer deveria dizer ‘Esse não é um filme de terror, não é um suspense, mas vai ferrar sua mente’.”

Provavelmente a afirmação mais esclarecedora seja a relação que se mostra clara para o diretor da relação da humanidade com o planeta, sendo que Aronofsky até cita trechos da Bíblia para mostrar a importância de cuidarmos com responsabilidade do meio-ambiente.

É necessário também citar que ao ser questionado sobre o significado da poção que a personagem de Jennifer Lawrence, namorada de Darren, ingere repetidas vezes durante o longa, Aronofsky disse que essa é a única pergunta que ele não responde e que esse é um segredo que será levado com ele para o túmulo.

Resumindo essa coletiva de imprensa, vemos um forte posicionamento de um verdadeiro gênio do cinema contemporâneo que se mostra completamente convicto da multiplicidade de significados que sua obra pode adquirir e que parece também tranquilo em saber que esse filme é algo que gerará embates e discussões durante muito, muito tempo.

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