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Crítica | Pokémon: Mewtwo Contra-Ataca - Evolução

No finalzinho do ano passado com o lançamento de Star Wars: A Ascensão Skywalker muito foi dito sobre o enorme impacto da franquia que naquele momento fechava uma saga importante em sua trajetória. É mais que sabido que é por causa de Star Wars que existe a cultura pop como a conhecemos nos dias atuais. A fábula criada por George Lucas é a base de tudo o que veio depois ao longo das décadas seguintes.

Assim, surpreende saber que pelos dados do ano passado, a criação de George Lucas se encontra apenas como a quinta franquia mais lucrativa do mundo. À frente, temos: Mickey Mouse na quarta posição; O Ursinho Puff na terceira; e a gatinha arredondada Hello Kitty na vice-liderança.

No topo do Olimpo está a criação de Satoshi Tajiri, diretor criativo e designer responsável pelo universo de Pokémon. Mercadorias (tipo roupas e acessórios), vídeo games, cartas de troca, quadrinhos e mangás, e também, bilheterias dos filmes lançados com a marca dos monstrinhos fazem de Pokémon, o maior fenômeno da cultura pop no século XXI.

No campo do cinema foram vinte e dois filmes lançados, sendo o mais recente Pokémon: Mewtwo Contra-Ataca – Evolução de produção original da provedora mundial via streaming Netflix. A animação feita com efeitos visuais criados em computador é um remake do primeiro filme lançado em 1998 chamado Pokémon O Filme, que narra as aventuras do trio Ash, Misty e Brock junto do inseparável Pikachu, quando se deparam com Mewtwo, um poderoso pokémon criado em laboratório. Cientistas tentaram criar o ser mais forte do planeta a partir de Mew, um adorável e raro pokémon mítico, porém, a criatura se rebelou contra seus feitores. Agora, usando de enormes poderes psíquicos, Mewtwo planeja mostrar ao mundo que os clones são superiores aos pokémons originais. Cabe a Ash e sua turma impedir que esta batalha siga para o bem-estar da humanidade e de seus amigos pokémons.

Como um remake – lançado 21 anos depois do original – , pode-se dizer que Mewtwo Contra-Ataca – Evolução não trouxe nenhuma revolução para 2020, contudo, fez um bom trabalho ao preservar a faixa emocional da obra de 1998.

Vale lembrar que Pokémon O Filme já havia se mostrado uma boa entrada fílmica, apesar das tolas críticas negativas à época que tacharam o filme como muito violento para crianças, mostrando um total desconhecimento da cultura oriental, além da capacitação e alcance da consciência que uma mente primaveril possui.

Em terras tupiniquins, o sucesso dos filmes do universo Pokémon chegaram até o quarto filme da série em Pokémon 4 – Viajantes do Tempo (2001). Nesse período, tivemos Pokémon: O Filme 2000 – O Poder de Um (o melhor da era de ouro) e Pokémon 3: O Feitiço dos Unown (o mais fraco).

Se o competente Dragon Ball Super: Broly apenas conseguiu reproduzir a vibração das lutas da série animada, Mewtwo Contra-Ataca – Evolução fez um pouquinho a mais, já que foi capaz de emular a emoção da produção original. Ano passado, a maior reclamação com a adaptação do clássico O Rei Leão dirigida por Jon Favreau foi que, apesar do primor técnico irrepreensível e inquestionável, faltou alma à obra de produção dos estúdios Disney, principalmente na memorável cena que reproduz a morte de Mufasa, pai de Simba.

Graciosamente, o que faltou em O Rei Leão, se manteve em Mewtwo Contra-Ataca – Evolução, que assim como o clássico Disney possui uma cena de maior choque emocional, capaz de levar crianças e adultos as lágrimas com enorme facilidade. Escutar as sílabas ‘pika-pi’, ‘pika-chuuu’ em 2020, pode ser tão dolorido como era em 1998.

No quesito batalhas Pokémon, tanto os fãs antigos quanto os mais jovens poderão se deliciar nesta produção Netflix, que agrada gregos e troianos.

Todavia, assim como o original, o que de melhor existe em Mewtwo Contra-Ataca – Evolução é o personagem-título. O pokémon de capacidades telepáticas é o anti-Ultron – irritante vilão do fraquíssimo Vingadores: Era de Ultron. Mewtwo representa com clareza as agonias da chegada ao mundo, só que ao contrário de um bebê ou uma criança, este ser avançado é capacitado de uma consciência racional e expansiva, desta maneira, não passa pelos estágios de desenvolvimento e compreensão do mundo externo, tornando sua existência algo incompreensível, soma-se a isso o fato de ser um clone, nem humano, nem pokémon. Um ser só.

Se os números de mercado soam um tanto frios para determinar a importância de Pokémon, deixemos a manobra eastwoodiana de Mewtwo Contra-Ataca – Evolução sobressair, então. A produção Netflix fez um filme animado sobre batalhas e lutas com uma mensagem, indubitavelmente, anti-guerra.

Satoshi Tajiri continua batalhando pelo amadurecimento de seus fãs. (Ainda) temos que pegar todos!

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