Netflix

Rainha Cleópatra: Por que a série da Netflix está causando tanta polêmica

Racismo estrutural afeta Rainha Cleópatra e gera intriga internacional

A série semi-documental Rainha Cleópatra tem gerado muita polêmica na Netflix, chegando a envolver o governo egípcio nessa história. Vamos mergulhar nessa questão, explicando por que o racismo estrutural fez crescer a controvérsia da série só porque a faraó egípcia foi interpretada por uma mulher negra.

“Por meio de reconstituições e entrevistas, este drama documental mostra como Cleópatra, a última faraó do Egito, lutou para proteger seu trono, família e legado”, diz a sinopse oficial de Rainha Cleópatra na Netflix.

Assim como a 1ª temporada da antologia, que focou na Rainha Njinga, Rainha Cleópatra é produzida e narrada por Jada Pinkett-Smith (Gotham).

No mesmo estilo de séries como Império Romano e Império Otomano, a antologia Rainhas Africanas mistura entrevistas com historiadores e reconstituições de época para acompanhar a trajetória de algumas das figuras mais importantes da história mundial.

Mostramos abaixo por que Rainha Cleópatra está gerando tanta polêmica na Netflix (via THR e ScreenRant).

A série Rainha Cleópatra está disponível na Netflix.
A série Rainha Cleópatra está disponível na Netflix.

“Blackwashing não existe”

Pela primeira vez em produção de grande alcance, a personagem histórica é caracterizada como uma mulher negra.

A produção deixa bem claro que Cleópatra tem linhagem macedônia-grega, mas levanta também estudos recentes que indicam a possibilidade da mãe da Rainha ter tido outra origem. Afinal de contas, a identidade da mãe e da avó de Cleópatra é desconhecida.

Adele James, que interpreta o papel principal na série abordou a polêmica em torno do projeto produzido por Jada Pinkett Smith.

“Blackwashing não existe, não é?”, disse a atriz britânica ao The Wayne Ayers Podcast. “Acho triste que as pessoas sejam tão autodepreciativas ou tão ameaçadas pela negritude que sintam a necessidade de fazer isso, de separar o Egito do resto do continente”.

Vale apontar que toda essa polêmica acontece enquanto Cleópatra já foi interpretada por atrizes brancas, como a londrina Elizabeth Taylor, no infame longa-metragem de 1963.

“Sua etnia não é o foco da rainha Cleópatra, mas decidimos intencionalmente retratá-la de etnia mista para refletir teorias sobre a possível ancestralidade egípcia de Cleópatra e a natureza multicultural do antigo Egito”, disseram os produtores da série ao site Tudum, da Netflix.

Adele James também afirmou que o processo está enraizado no racismo e acha tudo tragicômico.

“Sei que não devo rir, mas é muito engraçado. Acho muito engraçado. O nível de ameaça que você deve sentir, apenas pelo meu tom de pele, para entrar com um processo contra um serviço de streaming inteiro. Isso para mim é realmente extremo. É uma reação realmente extrema, e está cem por cento fundamentalmente enraizada no racismo. O que é uma ideologia muito moderna”, criticou a atriz.

“Os antigos egípcios, eles não pensam sobre raça da maneira que pensamos, porque raça realmente só foi contextualizada, como a entendemos, desde o tráfico transatlântico de escravos. Não era assim que as pessoas pensavam naquela época, certo? Então é realmente bizarro, mas para mim, novamente, acho muito triste. Sinto-me triste por eles”, acrescentou.

Você já pode assistir Rainha Cleópatra no catálogo brasileiro da Netflix. Veja o trailer da série, abaixo.

Escolha o Streaming e tenha acesso aos lançamentos, notícias e a nossas indicações do que assistir em cada um deles.