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Oscar reforça compromisso com a diversidade em incrível lista de indicados de 2018

As indicações ao Oscar 2018 foram divulgadas nessa terça (23) durante a manhã, e demonstraram a seriedade do compromisso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas com a diversidade, firmado após a polêmica do #OscarTãoBranco em anos anteriores. Poucas vezes vimos tantos recordes e “primeiros da história” em uma mesma edição, demonstrando que o Oscar caminha firme (ainda que com cautela) em direção ao contemporâneo.

Confira a lista completa

A estrada até que pudéssemos falar isso do prêmio de cinema mais importante dos EUA não foi curta e nem sem acidentes pelo caminho, no entanto. O Oscar tem uma história teimosamente tradicionalista pesando em seus 90 anos até aqui, e ainda não está pronto para se mostrar a frente de seu tempo ou acima de preconceitos de gênero artístico (a exclusão de Mulher-Maravilha da lista de Melhor Filme, por exemplo). Como qualquer instituição, por natureza apegada à estabilidade, o Oscar precisou de um “empurrãozinho” nada gentil da internet para começar a acordar para a realidade de outros preconceitos que reproduzia ano após ano.

Jordan Peele, diretor de Corra!
Jordan Peele, diretor de Corra!

A categoria de Melhor Direção em 2018 é a mais simbólica dessa mudança. Entre as cinco vagas, um homem negro (Jordan Peele, por Corra!) e uma mulher (Greta Gerwig, por Lady Bird: A Hora de Voar) ficaram com a indicação no lugar de homens brancos que haviam sido lembrados mais vezes em premiações anteriores, como Martin McDonagh (Três Anúncios Para Um Crime) e Steven Spielberg (The Post: A Guerra Secreta). Mais do que isso, lembrados por filmes que tem menos “cara de Academia” do que os de seus concorrentes – um terror com tons raciais e uma comédia dramática sobre adolescência.

Não prece muita coisa, mas não só os trabalhos de Peele e Gerwig são vibrantes e merecedores em seus filmes, como eles trazem uma linguagem e uma sensibilidade únicas à lista. Seus filmes também foram lembrados na categoria principal, que usou 9 das 10 vagas máximas estipuladas pela Academia – se você nos perguntasse, essa 10ª vaga poderia ser preenchida por Projeto Flórida, de Sean Baker, ou Mulher-Maravilha, de Patty Jenkins, que trariam o poder independente e o poder feminino para a lista, respectivamente. No Oscar, as coisas são sempre assim, na base da revolução a conta-gotas.

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Christopher Plummer em Todo o Dinheiro do Mundo.

Com a exclusão de James Franco da lista de Melhor Ator (dando espaço para o francamente mais merecedor Denzel Washington), e a inclusão de Christopher Plummer por seu papel em Todo o Dinheiro do Mundo, substituindo um demitido Kevin Spacey, a Academia manda um recado moral para Hollywood. Vencer o Oscar nunca foi sobre só merecer, e o prêmio nunca foi apolítico – pelo contrário, com o tamanho de sua visibilidade, as escolhas feitas pela Academia são, sempre, políticas. Não se enganem: excluir um acusado de assédio, tanto quanto incluir um ator que substituiu um acusado de assédio, é uma mensagem.

Sim, Gary Oldman ainda está indicado por O Destino de Uma Nação, a despeito de suas próprias acusações de violência doméstica. E sim, é bem provável, salvo alguma enorme surpresa, que Oldman leve o prêmio no dia 4 de março, quando Jimmy Kimmel apresenta a premiação. O Oscar de hoje em dia não é nada se não for um retrato do cabo-de-guerra entre progresso e retrocesso que vivemos na nossa sociedade e na nossa cultura – mas para chegar a esse status, para acertar a lente desse retrato, muita gente precisou reclamar, criticar e incentivar mudanças.

O Oscar 2018 parece-se, genuinamente, com o começo de uma era. Ainda há muito o que melhorar, mas o nosso filho mais teimoso e mau educado parece finalmente ter amadurecido – na idade nada precoce de 90 anos.

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