Críticas nas redes

Por que CODA se tornou um polêmico favorito ao Oscar

No Ritmo do Coração causa debates sobre a representação de pessoas com deficiência auditiva

Nos últimos meses, CODA desbancou filmes aclamados e se tornou um dos favoritos na corrida ao Oscar. O longa concorre na categoria de Melhor Filme, e tem grandes chances de levar a estatueta para casa. O problema é que, recentemente, a trama também se envolveu em uma grande polêmica nas redes sociais – veja abaixo.

“Ruby é a única pessoa que escuta em uma família com deficiência auditiva. A vida da jovem sempre foi ajudar o irmão e os pais nas tarefas do dia e no negócio de pesca da família, mas logo ela se envolve no coral da escola e se vê dividida entre seguir seu sonho na música ou ajudar a família”, afirma a sinopse oficial do longa.

O elenco de CODA – também encontrado sob o título No Ritmo do Coração – é formado por Emilia Jones, Eugenio Derbez e Marlee Matlin.

A polêmica de CODA envolve a maneira que o filme caracteriza as deficiências auditivas, além de conceitos de representatividade e diversidade no cinema.

Entenda a polêmica de CODA no Oscar 2022

CODA tem sido alvo de críticas, principalmente nas redes sociais, pelo caráter “problemático” de sua representatividade.

O filme chegou a ser comparado a Crash: No Limite e Green Book: O Guia, longas que foram altamente criticados pela caracterização de racismo e dinâmicas socio-raciais.

Mas a discussão é bem mais complexa do que indicam os tweets dos espectadores, e tem encontrado resistência por parte de muitos especialistas.

“Dizer que a possibilidade de CODA (um filme que ajuda a elevar uma comunidade pouco representada) ganhar um Oscar é ‘ruim’, ou comparar o filme a Green Book (um filme que faz literalmente o oposto), é… uma escolha”, comentou um jornalista no Twitter.

Em relação à comunidade de pessoas com deficiência auditiva, CODA recebeu elogios e críticas.

O principal motivo de celebração foi a atuação de Troy Kotsur, – o intérprete do pai da protagonista Ruby – que é surdo na vida real e concorre ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante.

Entretanto, parte dos espectadores surdos criticaram CODA pela maneira “excessivamente negativa” que o filme aborda a rotina de pessoas com deficiência auditiva.

“CODA é um filme produzido por pessoas que ouvem, para ser assistidos por pessoas que ouvem. Os pais e o irmão aparecem, essencialmente, sem linguagem. Afinal, eles contam ‘apenas’ com a ASL (linguagem de sinais)’”, analisou Lennard J. Davis, professor de estudos sobre deficiência.

A opinião foi ecoada por outros representantes da comunidade de pessoas com deficiência auditiva nas redes sociais – e pode prejudicar as chances de CODA no Oscar.

“CODA é um filme de sucesso. Pessoas que ouvem gostam dele. Sucessos como esse abrem portas para pessoas surdas. Isso é bom. Mas o filme também conta com muitas mensagens prejudiciais. O sucesso cancela essas mensagens?”, questiona Jenna Beacom, que também é surda na vida real.

Na categoria de Melhor Filme, CODA concorre com O Ataque dos Cães, Drive My Car, O Beco do Pesadelo, Belfast, Não Olhe Para Cima, Duna, King Richard: Criando Campeãs, Licorice Pizza e o remake de Amor, Sublime Amor.

A cerimônia acontece em 27 de maio, e será transmitida ao vivo no Brasil. CODA (No Ritmo do Coração) está disponível no Amazon Prime Video.

Sair da versão mobile