Críticas

Crítica: Golpe Duplo

Golpe Duplo (Focus, 2014) é um filme cheio de reviravoltas que acaba cansado o público e não traz nenhuma grande novidade na galeria dos filmes de golpes e tramas “twist and turn”. Nicky Spurgeon (Will Smith) é um trambiqueiro que vive de aplicar golpes elaborados para garantir sua luxuosa subsistência. Seu caminho cruza o de Jess Barrett (Margot Robbie, de O Lobo de Wall Street) que acaba conhecendo o ladrão em uma tentativa mal sucedida de golpe e acaba elegendo-o seu mentor para o crime.

A trama se desenrola em meio aos sucessivos roubos organizados pela equipe de Spurgeon e suas desventuras amorosas com Jess. Aqui o que poderia ser uma elegante história de ladrões da alta sociedade, como uma espécie de Ladrão de Casaca (1955) da vida, acaba virando uma trama que não consegue decidir se é romance ou um heist movie.

Will Smith aparenta estar pouco confortável no papel e manda uma atuação no piloto automático, o que já naufraga 80% do filme. Margot Robbie é uma bela mulher, teve uma ascensão recente na indústria cinematográfica, porém ainda não consegue sustentar satisfatoriamente personagens de grande destaque como esta. Resta Rodrigo Santoro, que mal aparece no filme, e consegue fazer pouco como o bilionário Rafael Garriga na segunda parte da história que se passa em Buenos Aires na Argentina. Ter um antagonista latino não deixa de continuar sendo um clichê nesses filmes hollywoodianos.

Com pouco a oferecer ao público, Golpe Duplo pode atender aqueles menos exigentes, mas no fundo acaba sendo um roteiro que quer ser inteligente/esperto, porém se perde na sua própria pretensão. Uma pena, já que tinha potencial para ser um filme com todas as boas qualidades do gênero.

Em determinado momento, Nicky fala para Jess nunca perder o foco ao conduzir um golpe, pois quem perde o foco aqui são os roteiristas que montaram uma colcha de retalhos que no contexto geral desmorona.

 

Por Marcello Azolino
www.facebook.com/marcello.azolino

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