Críticas

Mostra SP | Crítica: Cadeiras Brancas

Uma das melhores experiências que podem ocorrer com um cinéfilo ao acompanhar uma mostra ou um festival de cinema é ser surpreendido por um filme que estava completamente fora de seu radar. E foi exatamente isso que aconteceu com este que vos escreve no meio dessa 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo com Cadeiras Brancas, novo filme do diretor iraniano Reza Dormishian e uma coprodução entre Irã e Nova Zelândia.

Utilizando-se apenas de sequências fotográficas para contar a história de uma cidade neozelandesa um tempo depois de um terremoto devastar o local e a vida de muitas pessoas que vivem ali, nesse cenário, um garoto e uma garota que tiveram suas vidas desoladas por essa tragédia se apaixonam e começam um relacionamento mesmo sem falar uma palavra um para o outro.

Apesar de utilizar inúmeras fotografias ao longo do filme e trocá-las incessantemente para criar movimento, o filme de Reza Dormishian possui um clima bastante contemplativo por suas narrações e também por explorar os sentimentos das personagens entre si e em relação a suas perdas.

Se a história deixa um pouco a desejar em seu desenvolvimento, por outro lado a inventividade imagética e o bom trabalho sonoro com uma trilha minimalista e pontual acabam compensando nessa narrativa tão sensível que acompanha duas pessoas unidas pela perda nessa cidade que possui tantos outros na mesma situação.

Composta de tantos silêncios – e tantos solilóquios – Cadeiras Brancas é uma bela surpresa nessa programação da 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que vale a pena ser conferida por sua sensibilidade singular.

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