Ambientado em plena Guerra Fria, o filme Tetris acompanha a intensa batalha pela patente do jogo homônimo, um dos mais populares de todos os tempos. O filme da AppleTV+ faz um ótimo trabalho ao apresentar o contexto da época – mas peca ao deixar de fora um dos elementos mais sombrios da história do game.
“Henk Rogers descobre o Tetris em 1988 e arrisca tudo ao viajar para a União Soviética, onde une forças com o inventor Alexey Pajitnov para levar o jogo às massas”, diz a sinopse oficial de Tetris na AppleTV+.
Protagonizado por Taron Egerton (Kingsman: Serviço Secreto), Tetris conta também com Nikita Yefremov (Cinderela), Anthony Boyle (Tolkien), Ben Miles (The Crown) e Ken Yamamura (Wolverine) no elenco.
Mostramos abaixo tudo que você precisa saber sobre a história sinistra que fica de fora da trama de Tetris na AppleTV+; confira! (via ScreenRant)
Tetris se esquece de Vladimir Pokhilko na AppleTV+
Como você já pôde perceber pela sinopse de Tetris, o foco do longa é a viagem do americano Henk Rogers para a União Soviética, no auge da Guerra Fria. O empresário coloca tudo em jogo para conhecer e firmar uma parceria com Alexey Pajitnov, o criador do Tetris.
O que o filme não menciona é que Pajitnov não criou o game sozinho. Na verdade, ele contou com a ajuda de Vladimir Pokhilko – um personagem real que é completamente esquecido pelo longa da AppleTV+.
Vladimir Pokhilko (na foto acima) foi um imigrante soviético que, entre os anos 70 e 80, trabalhou nas áreas de psicologia e informática em Moscou. Ele colaborou com Alexey Pajitnov por cerca de um ano – ano este em que o engenheiro trabalhou, primordialmente, no desenvolvimento do Tetris.
Após assinatura do contrato de “exportação” do Tetris, Vladimir (junto com a família) se mudou para os Estados Unidos com Alexey.
A partir daí, Alexey e Henk Rogers passaram a liderar o processo de expansão do game. Vladimir, por sua vez, decidiu focar em sua própria empresa de software, operando tanto nos Estados Unidos quanto na Rússia.
O fato de Tetris não ter incluído Vladimir em sua trama, à primeira vista, pode ser encarado como uma simples decisão narrativa do roteirista Noah Pink. A morte violenta do executivo de software, ocorrida em 1998, também não ajuda.
De acordo com a série documental The Tetris Murders, Vladimir Pokhilko foi assassinado de maneira brutal no final dos anos 90. Seu corpo foi encontrado por um amigo em sua residência na Califórnia.
Os detetives da CSI concluíram que Vladimir Pokhilko foi morto com um golpe de faca no pescoço. Na cena do crime, Yelena, a esposa do engenheiro, e seu filho de 12 anos, também foram encontrados mortos (a golpes de martelo e faca).
Na época, as autoridades concluíram que Vladimir matou a esposa e o filho e, depois, cometeu suicídio. Ele deixou uma carta para trás citando “dificuldades financeiras” como motivação para o crime.
Porém, na série documental The Tetris Murders, a detetive Sandra Brown diz que alguns elementos da cena do crime “não fazem sentido”. Teorias chegaram a indicar que Vladimir foi assassinado devido ao seu suposto envolvimento com a máfia russa.
Por outro lado, essas teorias nunca foram confirmadas, o que indica que o co-criador do Tetris realmente matou a família.
A inclusão dessa trama no filme Tetris, com certeza, desviaria a atenção da audiência ao tema principal do longa, que é a expansão do game da União Soviética para o Ocidente. Logo, a exclusão de Vladimir Pokhilko faz todo o sentido.
Você já pode assistir Tetris no AppleTV+.