Por André Romano
Vivendo Maria, a mulher de um assassino em série no filme O Nome da Morte, a atriz Fabíula Nascimento concedeu uma entrevista ao Observatório do Cinema. A atriz contou sobre a construção da personagem e como foi os bastidores das gravações.
O Nome da Morte é o primeiro longa-metragem do ator Marcos Pigossi, que dá vida ao Júlio Santana, um dos maiores matadores de aluguel da história do Brasil, ou que se tem notícia. De rapaz simples do interior do país, Júlio se tornou uma grife quando o assunto é matar: 492 vítimas. Todas registradas em uma caderno com a capa do Pato Donald.
Confira a entrevista com Fabíula Nascimento:
Você acha que a pessoa pode ser um assassino em série e ser doce em casa, ser romântico?
Acredito muito, mas, depende das circunstâncias. No caso do nosso filme, eu não acredito. Eu acho que Júlio é um cara que se acostumou com uma profissão bizarra.
Como qualquer outra pessoa ele pode se conviver?
É difícil você julgar as pessoas. Depende do tipo de corrupção que a pessoa vai sofrer. Na realidade o Júlio tem seu preço. Para ele existir numa sociedade em que ele é invisível ele pagou o preço dele.
Como você se desconstruiu para construir a personagem?
Na verdade eu só construí. Eu não tive que abandonar muito. É um personagem de pouca força; ela não tem força de ir embora. Ela tem coragem, mas, para ficar naquela situação. Ela é mais apática, sem perspectivas de vida, bem diferente das coisas que eu fiz. Na realidade ela é mais bloqueada. Ela tem umas cinco manias dentro desse filme, tem cinco momentos que ela existe de diferentes formas. Foi um trabalho bem bom de fazer.
Qual foi a forma dela que mais desafiou você?
O filme inteiro. Fiquei um mês fora de casa filmando num lugar que é totalmente diferente do meu, vivendo em função de um trabalho com uma equipe enorme, tudo é desafio, tudo é novo pra gente sempre. Eu acho que compor essas cinco personagens foi bem desafiante e bem prazeroso, não tive dificuldade nenhuma.
Como foi fazer a personagem?
Foi uma personagem bem deliciosa de fazer, ir atrás e criar. Ela é bloqueada em cada situação da vida dela, dos anos que ela viveu com o Júlio. Foi um trabalho muito intenso entre nós atores. Trabalhamos muito em grupos com diretor também.
Ela evolui muito dentro do filme?
Ela tem passagens. Ela vai até que se cumbe. Ela passa por um momento bem difícil. Não posso entregar o filme, mas ela tem uma trajetória bem bonita. Um coisa que eu posso dizer é que ela não tem vontade de ir embora. Ela tem vontade de ficar numa situação como essa, casada com um cara que matou 492 pessoas.
Como você avalia essa situação e julga essa situação?
É o não julgamento o tempo inteiro. Eu trabalho com isso, quando eu leio eu fico indignada, mas é aprender a não ter o julgamento. Tenho que pensar naquela mulher como individuo que não tem perspectivas de vida, que não tem cultura, educação, não tem horizonte, é invisível para a sociedade. É difícil você querer que ela tome atitudes sendo que ela não pode nem ter amigos.
Ela ama mesmo que daria pra desculpar?
Não é nem um questão de desculpas. É uma questão de você estar completamente sendo parte daquilo. É questão de você ter uma estrutura.
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