Sucesso na Netflix, a 4ª temporada de Stranger Things traz de volta figuras conhecidas e introduz novos personagens. Um deles é Eddie Munson. O jovem metaleiro é interpretado por Joseph Quinn. Muitos fãs não sabem, mas a trama de Eddie é inspirada em um triste caso da vida real.
Desde sua estreia na Netflix, Joseph Quinn conquista admiradores no mundo inteiro. Eddie Munson já é visto como um dos personagens mais populares de Stranger Things, graças à sua participação crucial na trama do Hellfire Club.
Em um dos momentos mais tristes de Stranger Things, Eddie é acusado pelo assassinato da líder de torcida Chrissy – que na verdade, é morta pelo monstro Vecna. Liderados por um atleta valentão, os moradores de Hawkins passam a desconfiar que Eddie é o líder de uma “seita satânica”.
A trama de Eddie é uma clara referência ao “Pânico Satânico”, uma histeria coletiva que dominou o sul e o meio-oeste dos Estados Unidos entre os anos 80 e 90. Explicamos abaixo tudo que você precisa saber sobre essa história e como ela se relaciona com a 4ª temporada de Stranger Things.
Conheça a inspiração real de Eddie Munson em Stranger Things
Na 4ª temporada de Stranger Things, a trama de Eddie Munson é baseada nas experiências de Damien Echols, um dos “Três de Memphis”.
Em 5 de maio de 1993, três crianças – Steven Branch, Michael Moore e Christopher Byers – desapareceram em uma vizinhança pacata de West Memphis, Arkansas.
Os cadáveres foram encontrados um dia depois. Devido à violência e o teor “ritualístico” dos assassinato, a população (majoritariamente cristã) da cidade passou a suspeitar de uma “seita satânica”.
As suspeitas dos moradores caíram sobre Damien Echols, um jovem gótico que vivia nas redondezas.
Na época, os Estados Unidos viviam o auge do Pânico Satânico – motivado por notícias falsas, preconceito e intolerância religiosa.
Sem qualquer tipo de prova, a polícia não demorou para prender Damien (a inspiração de Eddie na 4ª temporada de Stranger Things), junto com o melhor amigo Charles Jason Baldwin.
A prisão foi realizada após uma “confissão” de Jessie Misskelley, um adolescente de 16 anos que (supostamente) conhecia Damien e Jason. Porém, essa confissão só foi obtida após 12 horas de intenso interrogatório.
Jessie, definitivamente, não era uma testemunha crível. Além de ser pressionado e abusado pela polícia, o adolescente tinha problemas de desenvolvimento e apenas 72 de QI.
A prisão de Damien e Jason provocou um verdadeiro frenesi midiático. Mesmo sem qualquer evidência de DNA, a dupla (junto com Jessie) foi levada a julgamento. Jessie e Jason foram condenados à prisão perpétua. Visto como o “líder da seita”, Damien levou a pena de morte.
O que aconteceu com os Três de Memphis?
Com o tempo, o caso chamou a atenção de especialistas e se tornou um verdadeiro fenômeno internacional.
Após o lançamento dos documentários Paraíso Perdido e West of Memphis, músicos como Eddie Vedder (Pearl Jam), Henry Rollins (Black Flags) e Natalie Maines (The Chicks) lideraram campanhas para a realização de um novo julgamento e a libertação dos Três de Memphis (na foto acima).
Eventualmente, o caso da promotoria colapsou: testemunhas retrataram suas declarações, especialistas afirmaram que a confissão de Jessie foi obtida de maneira inadequada e que a polícia destruiu evidências importantes.
Até mesmo a família dos três garotos assassinados – particularmente o padrasto de Christopher Byers e a mãe de Stevie Branch – passaram a defender a inocência de Damien, Jason e Jessie.
Em 2011, semanas antes de sua execução, Damien, Jason e Jessie adotaram uma estratégia arriscada: uma declaração de “culpa” em troca de liberdade condicional. O plano funcionou, e 18 anos após a prisão, os Três de Memphis finalmente deixaram a cadeia.
Até hoje, Damien, Jason e Jessie defendem a inocência. O trio continua em busca de evidências para a exoneração, com a ajuda do grupo Exonerate The West Memphis Three, uma organização internacional com centenas de parceiros.
A 4ª temporada de Stranger Things está disponível na Netflix. A 2ª parte estreia em 1 de julho.